
Em solteira eu morava em Casal de Areias. Quando era dia de namoro, o meu homem ia-me lá namorar. Saía de minha casa já tarde e fazia a pé o caminho de regresso à terra dele, que era Arreciadas. Uma noite, já perto da meia-noite, quando vinha a chegar àquela ponte que a gente chama a ponte Encarnada, viu, parado a meio da ponte, um gato preto que o olhava muito “afixado”.
O meu homem, assustado, pegou num pau e deu uma cacetada ao gato. O gato miou e cresceu um pouco e vai daí, ele dá outra cacetada ao gato e o bicho dá outro esticão. O gato crescia, crescia, sempre com aquele olhar “afixado”, e o meu homem sem saber o que fazer. Olha, deu outra cacetada no gato e o gato deu outro esticão e desapareceu no ar. Ainda hoje estou para saber o que era aquilo.